As idas e
vindas de Luiza Erundina
Deputada do PSB ficou quatro dias na vaga de vice
de Haddad e desistiu depois da aliança do PT com Maluf
A deputada federal Luiz
Erundina (PSB-SP), ex-prefeita de São Paulo e ex-petista, desistiu de ser vice
de Fernando Haddad, pré-candidato do PT à prefeitura da capital paulista,
quatro dias depois do evento que oficializou a dobradinha dos dois partidos com
direito a lágrimas de petistas presentes. Era o PT de volta às origens na
sexta, mas já disposto a riscar 25 anos de história contra o malufismo três
dias depois.
Erundina desiste de ser vice de Haddad após aliança
de PT com Maluf
Erundina se dizia “constrangida” pelo apoio do
deputado e ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP) a Haddad desde o fim de semana e deu
declarações contraditórias à imprensa sobre a aliança do PT com seu adversário
histórico: “não será confortável”, “é desconfortável”, “não vou aceitar
[aliança com Maluf]”, “não vou recuar [da candidatura de vice]”. A foto de Lula
com Maluf teria sido o estopim para a ex-prefeita de São Paulo: “Isso já é
demais”. Ela também teria ficado chateada porque, ao contrário de Maluf, o
ex-presidente não foi ao ato que selou a sua participação na chapa petista.
Sexta-feira, 15 de junho: Ato oficializa a escolha do nome
de Erundina como candidata a vice de Haddad. O petista chorou, a mulher dele chorou, Erundina estava
com os olhos marejados, muita gente na plateia também chorou. Minutos depois,
no entanto, candidato e vice tiveram de encarar a possível presença de Paulo
Maluf (PP), a antítese política de Erundina, no palanque petista, que seria
oficializada na segunda-feira.
Questionada por jornalistas, ela tentou se
esquivar, disse que a escolha do arco de alianças não cabe ao vice, lembrou que
derrotou Maluf na eleição para a prefeitura em 1988 e, por fim, afirmou que as
alianças dependem do comprometimento dos partidos com o projeto político.
“Queremos aliados e apoios desde que conheçam o nosso projeto e se comprometam
com nosso projeto”.
Domingo, 17 de junho: Dois dias depois, na véspera de
o PP anunciar apoio a Haddad, Erundina se disse constrangida de dividir
palanque com Maluf. "Para mim não será confortável estar no mesmo palanque
com o Maluf", disse a ex-prefeita. "A campanha não sou eu nem Maluf
individualmente. É um processo muito mais amplo e complexo, e isso se dilui, ao
meu ver. (Mas) Claro que é desconfortável."
Ela disse ter sido surpreendida pelo apoio de
Maluf, a ser anunciado amanhã, e que, se tivesse sido consultada, "faria
ponderações" e "provavelmente teria dificuldade de aceitar essa
decisão". "Foi uma decisão dos partidos, que não passou nem passaria
por mim. As responsabilidades de alianças são da direção nacional",
explicou.
Segunda-feira, 18 de junho, de manhã: Erundina descartou a
possibilidade de deixar a chapa com Haddad, apesar da aliança firmada entre PT
e Maluf . "Eu não sou de recuar. Vou manter a decisão, que é uma decisão
partidária. Vou me empenhar e vou fazer o melhor que eu puder para dar a minha
contribuição", disse Erundina em entrevista à rádio Brasil Atual.
Mas falou sobre o embaraço com a presença de Maluf:
"É constrangedor. E o pior é que essa notícia, ela veio sem que se
esperasse, pelo menos eu, não sei se meu partido tinha conhecimento dessa
possibilidade. Foi realmente um balde de água fria." Confirmando que
ficaria na chapa, disse ainda: "De um lado estará o seu Maluf, de outro
estarão eu e setores da sociedade que não concordam com essa aliança".
Foto de Maluf
Segunda-feira,
18 de junho, à tarde: Erundina
afirma em entrevista ao site de Veja que vai rever a decisão de ser vice de
Haddad. “Se for por nomes, meu partido tem outros a indicar. Eu pessoalmente
não vou aceitar. Vou rever minha posição”, afirmou. E reclamou que a aliança
com Maluf foi feita à sua revelia. O estopim teria sido a foto de Lula com
Maluf na casa deste último: “Isso já é demais”, teria dito. Erundina teria
ficado chateada também porque o ex-presidente não foi ao ato que oficializou
sua entrada na campanha de Haddad.
Terça-feira,
19 de junho, à tarde: Erundina
desistiu de ser vice de Haddad e comunicou a decisão em reunião com o
presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e com o
vice-presidente nacional da sigla, Roberto Amaral.
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