Confira as principais revelações
dos Documentos de Osama Bin Laden
Os 17
documentos do extremista Osama bin Laden, divulgados nesta quinta-feira pelos
Estados Unidos, revelam preocupações e algumas estratégias do líder da rede
Al-Qaeda. Os papeis são uma pequena fração dos 6.000 arquivos que teriam sido
retirados há um ano do esconderijo no qual foi morto, no Paquistão.
É
impossível saber em que medida eles representam a totalidade do material
encontrado. Ainda assim trazem uma série de preocupações pontuais da cúpula da
rede extremista Al-Qaeda.
Os papeis
revelam detalhes interessantes do pensamento da organização, como sua
estratégia de mídia, relações com grupos afiliados, alvos de atentados, preocupações
de segurança e até opiniões sobre grandes acontecimentos, como a Primavera
Árabe.
Veja
algumas das principais revelações.
- Mídia
Um
memorando - que teria sido escrito pelo porta-voz americano da Al-Qaeda, Adam
Gadahn - ressalta os "benefícios" que Bin Laden teria ao divulgar um
novo vídeo à mídia.
Pontos
positivos e negativos são discutidos, assim como quais emissoras de TV
americanas seriam os melhores canais (elas são descritas como tendo todas o
mesmo nível de profissionalismo, exceto pela Fox News).
A
qualidade dos vídeos nos quais Bin Laden faz suas aparições também é discutida.
A baixa resolução de vídeos anteriores, segundo a organização, deu origem a
teorias da conspiração segundo as quais Bin Laden já estaria morto há muitos
anos.
- Aliados
A relação
problemática entre a liderança da Al-Qaeda no Paquistão e seus aliados em
outros países também é abordada nos documentos.
Esses
grupos se aliaram à organização de Bin Laden, mas muitas vezes adotaram ações
que desagradaram a cúpula da Al-Qaeda. O caso mais claro é o do braço iraquiano
da rede, que se autodenominou Estado Islâmico e chegou até a atacar muçulmanos.
Adam
Gadhan diz em certo ponto que Bin Laden deveria se distanciar do grupo Estado
Islâmico.
Também
constam no documento advertências à Al-Qaeda na península Arábica.
A cúpula
da organização desaprovou a ação de um grupo que declarou um Estado islâmico
próprio no Iêmen e criticou ataques de um grupo paquistanês que também matou
muçulmanos.
- Alvos
Um dos
documentos, que aparenta ter sido produzido pelo próprio Bin Laden em maio de
2010, cria estratégias para a rede.
Entre as
propostas está o planejamento de atentados contra altos funcionários do governo
dos EUA que seriam praticados durante as visitas destes ao Paquistão ou ao
Afeganistão.
Entre os
alvos estavam o presidente Barack Obama ou o então chefe das Forças Armadas dos
EUA no Afeganistão, general David Petraeus.
Já o
vice-presidente Joe Biden deveria ser poupado, segundo o raciocínio da rede,
por não estar preparado para conduzir o país no caso da morte de Obama, o que
levaria os EUA a uma profunda crise.
Segundo o
documento, a morte de Petraeus seria capaz de alterar o curso da guerra.
- América
A
intenção de atacar os EUA fica clara em cartas apreendidas no local. Uma delas,
também supostamente escrita por Bin Laden, orienta comandantes da rede na
península Arábica e no Iêmen a priorizar ataques contra os EUA em detrimento do
combate a inimigos locais.
Bin Laden
temia que combatendo inimigos em suas regiões, os aliados da Al-Qaeda pudessem
matar muçulmanos.
- Segurança
Os
problemas de segurança enfrentados por membros da Al-Qaeda na fronteira entre o
Afeganistão e o Paquistão foram descritos por Bin Laden em um documento
produzido em 2010.
A ação
dos aviões não tripulados e de sistemas de vigilância fizeram a rede adotar
medidas como evitar viagens de carro a certas regiões.
As
providências foram tomadas devido à capacidade das aeronaves de patrulhar
grandes áreas, reconhecer alvos e disparar mísseis de grandes altitudes sem ser
ameaçadas pelas armas da rede.
- Primavera Árabe
Alguns
dos documentos mostram a Al-Qaeda tentando reagir às revoltas da Primavera
Árabe. Os eventos no Egito e em outros países mostraram a irrelevância da
organização em relação às grandes mudanças sociais.
Outro
documento, aparentemente, é um rascunho de um pronunciamento que mais tarde, em
março de 2011, foi divulgado pelo atual sucessor de Bin Laden, Ayman
al-Zawahiri. O texto era sobre a Primavera Árabe.
O
rascunho tem anotações que podem ter sido feitas pelo próprio Bin Laden sobre o
que deveria ser dito no pronunciamento. Aparentemente a maioria das sugestões
foi ignorada.
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