Deputados
pedem processo contra Bolsonaro por quebra de decoro
Deputado disse a servidor que
conversa não tinha chegado 'ao chiqueiro'.
Ele afirmou que foi agredido moralmente em reunião de comissão.
Deputados do PSOL, PT e
PSB protocolaram nesta quarta-feira (4) requerimento na Mesa Diretora da Câmara
dos Deputados pedindo a abertura de processo disciplinar contra o deputado Jair
Bolsonaro (PP-RJ) por quebra de decoro parlamentar.
Segundo o líder do
PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), Bolsonaro tentou impedir a realização nesta
terça (3) da primeira
reunião da subcomissão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara
que colhe depoimentos de testemunhas em relação a episódios de violência
durante a ditadura militar.
Durante a reunião,
reservada, o deputado disse a um servidor para ficar quieto porque a conversa
não tinha chegado "ao chiqueiro", segundo o texto da representação.
Ao G1,
Bolsonaro confirmou a declaração. Segundo ele, o secretário da subcomissão
impediu uma assessora de entregar a ele a relação dos depoentes. Bolsonaro
afirmou que, depois disso, tentou fazer uma foto do servidor, que teria tentado
arrancar a máquna fotográfica de sua mão.
"É muita cara
de pau um funcionário tirar a máquina da mão de um deputado. Ele me agrediu
moralmente e eu respondi", afirmou Bolsonaro ao G1. O
deputado disse ainda que a representação na Corregedoria da Câmara é uma
tentativa de "intimidação".
"Eles querem
me intimidar, mas vou comparecer a todas as reuniões da subcomissão e vou lutar
pelo direito de fazer perguntas. Para o deputado, a subcomissão está selecionando
apenas pessoas que criticam o reguime militar. "Essa é uma comissão da
mentira. Estão garimpando as testemunhas."
A reunião da subcomissão foi marcada para ouvir pessoas ligadas a episódios de violência durante a ditadura militar. Foram convidados dois militares que atualmente criticam o regime e um camponês que vivia na região da chamada Guerrilha do Araguaia e que teria sido torturado na época. Os depoentes pediram que a sessão fosse secreta porque sofrem ameaças.
No pedido de
abertura de processo disciplinar, os parlamentares alegam que Bolsonaro tentou
tirar fotos dos depoentes e agrediu verbalmente o secretário da Comissão de
Direitos Humanos, Márcio Araújo.
O G1
tentou falar com Araújo, mas não tinha conseguido localizá-lo até a última
atualização desta reportagem.
De acordo com a
representação, o secretário teria alertado Bolsonaro de que não era permitido
fotografar a sessão, pois se tratava de uma reunião fechada. Nesse momento, de
acordo com o texto da representação, Bolsonaro teria “agredido Araújo com
palavrões e ofensas”. “A conversa não chegou ao chiqueiro”, disse o deputado do
PP ao secretário da comissão, segundo a representação.
Para Chico
Alencar, Bolsonaro desrespeitou o Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.
O artigo 5º do código, citado na representação, diz que atentam contra o decoro
parlamentar as condutas de “perturbar a ordem das sessões da Câmara ou das
reuniões das comissões, praticar atos que infrinjam as regras da boa conduta,
praticar ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara e revelar
conteúdo de debates ou deliberações que a Câmara ou comissão hajam resolvido
ficar secretas.”
“Numa democracia
você pode até ser fascista ou nazista, mas tem que se despir de atitudes
violentas. Bolsonaro tentou ameaçar os depoentes, tirou fotografias para
intimidá-los e atacou o secretário”, afirmou Chico Alencar.
De acordo com o
deputado do PSOL, a partir da representação a Corregedoria da Câmara vai
avaliar se encaminha ao Conselho de Ética da Casa pedido de abertura de
processo por quebra de decoro contra Bolsonaro.
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