quinta-feira, 19 de abril de 2012

ELEIÇÕES NA FRANÇA - Matemática joga contra a surpresa



Matemática joga contra a surpresa

No domingo, 22 de abril, 45 milhões de eleitores estão inscritos para eleger o próximo Presidente da França. É quase certo que escolham dois candidatos para uma disputa final marcada para duas semanas depois, no 06 de maio. Para 4 milhões de eleitores, será uma novidade, eles irão votar pela primeira vez.

A matemática das pesquisas de opinião joga contra surpresas como a que ocorreu nas presidenciais de 2001. À época, esperava-se uma disputa final entre o socialista Lionel Jospin e o conservador Jacques Chirac, os candidatos dos maiores partidos na França. O líder da extrema direita xenófoba Jean-Marie Le Pen, pai da atual candidata Marine, surpreendeu ao eliminar o ex-primeiro-ministro Jospin.

O cenário agora é bem diferente daquele domingo chuvoso em que boa parte dos franceses ficaram em casa, certos que o páreo já estava definido. Desta vez, mesmo que a meteorologia seja ruim, o socialista François Hollande (29,5%) e o recandidato  Nicolas Sarkozy (27,5%) têm cada um quase o dobro de intenções de voto dos seus concorrentes próximos. Quer dizer,  a candidata do Front National, Marine Le Pen (14%), Jean-Luc Mélenchon, da extrema esquerda (13%) e o centrista François Bayrou (12%). Em 2001, Le Pen estava a menos 3% de Jospin, portanto dentro da margem de erro.

Quatro em cada cem eleitores franceses se declaram indecisos. No segundo turno, onde a vantagem de Hollande sobre Sarkozy gira em torno de seis pontos percentuais, 14% ainda não decidiram em quem votar. Hollande é o favorito das eleições, mas o jogo ainda não está feito. As chances de Sarkozy se sustentam  na sua votação, no bom desempenho do marxista Mélenchon e, simultaneamente, em uma queda de Marine Le Pen. Um resultado de 17 a 18% da extrema esquerda, aliada em segunda instância de Hollande, poderá criar um temor de radicalismo da esquerda. Em efeito, ajudar a unir a direita. Mas para funcionar em favor do presidente, é preciso que todas as circunstancias estejam reunidas.

Em contrapartida, se Mélenchon conseguir bons resultados e Hollande também, num cenário de avanço total da esquerda, o socialista poderá ser visto como o melhor escudo contra o extremismo de esquerda. Bem mais que eum eventual baixo desempenho de Sarkozy.  Uma situação parecida com a eleição de François Mitterrand, em 1981, o último presidente socialista francês que Hollande faz o que pode para imitar timtim por timtim.

Seja lá qual for o próximo presidente da França, ele estará por um bom tempo algemado pela situação econômica do país. Sobre este tema, convido o leitor a ler o post do Blog de Paris: “Condenados a seis ou meia dúzia

Por Antonio Ribeiro


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