Matemática
joga contra a surpresa
No domingo, 22 de abril, 45
milhões de eleitores estão inscritos para eleger o próximo Presidente da
França. É quase certo que escolham dois candidatos para uma disputa final
marcada para duas semanas depois, no 06 de maio. Para 4 milhões de eleitores,
será uma novidade, eles irão votar pela primeira vez.
A matemática das pesquisas de
opinião joga contra surpresas como a que ocorreu nas presidenciais de 2001. À
época, esperava-se uma disputa final entre o socialista Lionel Jospin e o
conservador Jacques Chirac, os candidatos dos maiores partidos na França. O
líder da extrema direita xenófoba Jean-Marie Le Pen, pai da atual candidata
Marine, surpreendeu ao eliminar o ex-primeiro-ministro Jospin.
O cenário agora é bem diferente
daquele domingo chuvoso em que boa parte dos franceses ficaram em casa, certos
que o páreo já estava definido. Desta vez, mesmo que a meteorologia seja ruim,
o socialista François Hollande (29,5%) e o recandidato Nicolas Sarkozy
(27,5%) têm cada um quase o dobro de intenções de voto dos seus concorrentes
próximos. Quer dizer, a candidata do Front National, Marine Le Pen (14%),
Jean-Luc Mélenchon, da extrema esquerda (13%) e o centrista François Bayrou
(12%). Em 2001, Le Pen estava a menos 3% de Jospin, portanto dentro da margem
de erro.
Quatro em cada cem eleitores
franceses se declaram indecisos. No segundo turno, onde a vantagem de Hollande
sobre Sarkozy gira em torno de seis pontos percentuais, 14% ainda não decidiram
em quem votar. Hollande é o favorito das eleições, mas o jogo ainda não está
feito. As chances de Sarkozy se sustentam na sua votação, no bom
desempenho do marxista Mélenchon e, simultaneamente, em uma queda de Marine Le
Pen. Um resultado de 17 a 18% da extrema esquerda, aliada em segunda instância
de Hollande, poderá criar um temor de radicalismo da esquerda. Em efeito,
ajudar a unir a direita. Mas para funcionar em favor do presidente, é preciso
que todas as circunstancias estejam reunidas.
Em contrapartida, se Mélenchon
conseguir bons resultados e Hollande também, num cenário de avanço total da
esquerda, o socialista poderá ser visto como o melhor escudo contra o
extremismo de esquerda. Bem mais que eum eventual baixo desempenho de
Sarkozy. Uma situação parecida com a eleição de François Mitterrand, em
1981, o último presidente socialista francês que Hollande faz o que pode para
imitar timtim por timtim.
Seja lá qual for o próximo
presidente da França, ele estará por um bom tempo algemado pela situação
econômica do país. Sobre este tema, convido o leitor a ler o post do Blog de
Paris: “Condenados a seis ou meia dúzia”
Por Antonio Ribeiro
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