DEM
anuncia abertura de processo pelo qual poderá expulsar senador
Anúncio foi feito pelo presidente
da legenda, senador Agripino Maia.
Demóstenes Torres é acusado de envolvimento com bicheiro preso pela PF.
Iara
Lemos Do G1,
em Brasília
O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia
(RN), anunciou no início da noite desta segunda (2) a abertura pelo partido de
um processo disciplinar que poderá resultar na expulsão do senador Demóstenes
Torres (GO) da legenda.
Demóstenes Torres aparece em gravações de escutas
telefônicas feitas pela Polícia Federal que indicam envolvimento dele com
Carlos Augusto Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela PF em fevereiro
sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal em Goiás. Segundo as
gravações, o senador teria usado o mandato para favorecer o bicheiro.
O DEM havia cobrado explicações de Demóstenes. O
partido queria que ele apresentasse justificativas ou fizesse um pronunciamento
na tribuna do Senado. Mas o senador argumenta que precisa de mais tempo para
analisar o processo ao qual responderá no Supremo Tribunal Federal.
"Não houve uma definição do Demóstenes sobre o
prazo [em que apresentaria explicações]. Não houve uma defesa contundente nem o
uso da tribuna", declarou o presidente do DEM ao justificar a medida de
abertura de processo.
Segundo Agripino Maia, o processo será aberto nesta
terça (13). Será nomeado um relator, e Demóstenes terá sete dias consecutivos
para fazer a própria defesa.
"Por reiterado desvio da conduta partidária
que o senador teve, estamos abrindo o processo de expulsão", declarou
Agripino Maia. Havia expectativa de que Demóstenes pudesse apresentar um pedido
de desfiliação da legenda, mas, segundo Maia, isso não aconteceu.
Ele afirmou que,
para o partido, a conduta ética "é sagrada". "O Demóstenes é uma
figura estimada. É uma decepção. Nós todos lamentamos", afirmou o
presidente do partido.
De acordo com
Agripino Maia, na hipótese de Demóstenes vir a ser expulso, o partido não
reivindicará a vaga no Senado porque o caso não é de infidelidade partidária.
Agripino Maia
concedeu entrevista na noite desta segunda depois de uma reunião na casa dele,
em Brasília, da qual também participaram o líder do partido na Câmara, deputado
ACM Neto (BA), o presidente do DEM em Goiás, deputado Ronaldo Caiado, e o
vice-presidente do partido no estado, o vice-governador goiano José Eliton.
Ao deixar a casa
de Agripino Maia, o deputado ACM Neto afirmou que o "clima" no
partido é "ruim". "O partido está perplexo com o
Demóstenes", declarou.
Carta
Ainda na noite desta segunda, Agripino divulgou carta destinada a Demóstenes em que justifica a abertura do processo disciplinar. A mensagem fala em "destacados indícios de envolvimento de vossa excelência [Demóstenes] com o notório contraventor 'Carlinhos Cachoeira'" e diz que houve "desvio reiterado do programa partidário, principalmente no que diz respeito à ética".
Após dizer que o partido não admite "tais condutas", o texto diz que "é inevitável a instauração do pertinente processo ético disciplinar para o fim de promover a aplicação da sanção prevista no Estatuto, qual seja a expulsão do partido".
A carta foi
entregue na casa de Demóstenes no fim da noite pelo advogado do DEM Fabiano
Medeiros. Segundo ele, Demóstenes foi "cordial" ao assinar o
recebimento.
Conselho
de Ética
No próximo dia 10, o Conselho de Ética do Senado escolherá um novo presidente. Após a escolha, o conselho deverá analisar o pedido do PSOL de investigação de Demóstenes por suposta quebra de decoro parlamentar.
A investigação do
Conselho de Ética poderá resultar - depois de análise do relatório do conselho
pelo plenário - na cassação do mandato de Demóstenes Torres.
O presidente
interino do conselho é um senador do DEM, Jayme Campos (MT). Mas Agripino Maia
afirmou que, mesmo que venha a ser escolhido, Campos não presidirá o conselho
porque, segundo o presidente do DEM, se declarou impedido.
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